quinta-feira, 15 de maio de 2008

Manifesto da torcida do Fluminense

ILMO. SR. COMANDANTE DO 02º (SEGUNDO) BATALHÃO DE CHOQUE DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO – CORONEL BOTELHO.
Meu nome é Renato A. O. de Moura Braga, e enviei para Vossa apreciação nestas últimas semanas 02 (dois) ofícios solicitando a entrada de pó-de-arroz no estádio do Morumbi, para a partida realizada ontem (14/05/2008), o qual foi prontamente negado.
Após esta decisão arbitrária de Vossa Senhoria que também não permitiu as faixas das torcidas do Fluminense, porém permitindo às da torcida do São Paulo, num caso claro de descumprimento de um dos preceitos basilares da Constituição Federal, que é o da isonomia tão defendida por Rui Barbosa no início do século passado.
Mas não é esta a razão deste manifesto, venho escrever sobre a ilusão, que conforme Caldas Aulete, nada mais é que “engano dos sentidos ou da mente; interpretação errônea de um fato ou de uma sensação”.
Caldas Aulete diz claramente a sensação minha junto a esta instituição, e principalmente ao 02º Batalhão de Choque. Na última quinta-feira tive o prazer de conhecer este Batalhão quando fui protocolizar o ofício supra mencionado, fui muito bem atendido, desde o sentinela que controla o portão, até a Soldado Feminina Ramos e a Soldado Feminina Ana, entre outros, até estava pensando em elogiar este Batalhão aos meios de comunicação e tudo, então veio a ilusão.
Ontem, na entrada do estádio aconteceu um fato marcante para a minha pessoa, estávamos reunidos vários torcedores do Fluminense radicados em São Paulo, indo ao estádio, quando na entrada destinada à torcida do Fluminense uma menina de 15 anos tirou o casaco que cobria a camisa do Fluminense.
Após este gesto um Soldado, subordinado a Vossa Senhoria não teve dúvida desferiu um golpe de seu “cacetete” nas costas desta menina, mandando ela vestir o casaco.
Ao ver esta brutalidade de seu subordinado, não tive dúvida entrei no meio da confusão pedindo calma, foi o suficiente para este militar me desferir 03 (três) golpes, um nas costa, um no braço e outro na cabeça.
Eu sei que o Senhor vai pedir que eu peça a instauração de Inquérito Policial, ou então Inquérito Policial Militar, mas infelizmente não farei isso, pois após a história do Coronel José Hermínio Rodrigues, prezo pela minha vida e prefiro não correr riscos desnecessários, e sim apenas quero que Vossa Senhoria leia este manifesto.
No confronto que teve ontem no Morumbi percebi que nenhum dos militares possuíam o brevê com seu nome de guerra, ou seja, dos que estavam nesta confusão notei que tinha sargento, cabo e soldado, porém sem seus respectivos nomes, e infelizmente acredito que tal decisão não venha destes praças, e sim do alto comando, que prefere a obscuridade e proteger estes maus policias.
A realidade de hoje do Policial Militar é difícil, baixos salários, e mal preparados acabam resultando nisso, porém quanto ao baixo salário, cabe aos Comandantes de Batalhão pleitear tal aumento, ocorre que muitos preferem não reclamar, nem pedir auxilio à sua tropa, pois temem perder tal Comando, ou seja, não falaremos mal do sistema, pois fazemos parte dele, espero que esta não seja a postura de Vossa Senhoria.
Outrossim, fico pensando que um dos motivos do poder paralelo ter crescido tanto é a falta de preparo de homens que o senhor comanda, e de toda instituição da Polícia Militar, pois enquanto estes homens tratam o trabalhador honesto com “borrachada”, acaba implicando na antipatia deste com esta instituição, e com isso, abre margem a um poder paralelo, claro que sou completamente contra o PCC, o CV ou qualquer sigla que representa os bandidos, mas não quero incluir entre estas siglas que repudio a sigla PM e 02ºBC.
Portanto peço que o Senhor tome conhecimento destes fatos corridos, e tome providência para melhorar o atendimento ao público nestes espetáculos, pois como cidadão posso exigir um tratamento que não fira a minha dignidade humana.
São Paulo, 15 de maio de 2008.

RENATO AUGUSTO OLLER DE MOURA BRAGA
CPF 333.753.598-45 RG 32.901.246-0

Meu comentário:
É um absurdo que nós, torcedores, não podemos desfilar nossas camisas livremente. O futebol que era para ser uma diversão, virou uma guerra. É como dizem por aí: mundo afora se mata por política a religião. Aqui no Brasil se mata por futebol e escola de samba. Infelizmente, mas é a realidade.
Pior ainda é o despreparo da polícia para evitar as confusões. Eu mesmo já presenciei diversas cenas de desrespeito. Já vi policial feminina pegando uma mulher pelos cabelos porque ela destraidamente não passou pela revista, já vi policiais empurrando torcedores inocentes arquibancada abaixo para demonstrar força (se é que dessa maneira eles pensam que impõe respeito!).
Sabendo desse contexto, vou tomar a posição de advogado do diabo para comentar o ato que originou a confusão. Que fique bem claro: longe de mim achar que os policiais estão certos em usar a violência para repreender a garota que quis mostrar que torcia para o Fluminense!!! Mas acho que sabendo que quando vamos ao estádio é preciso tomar alguns cuidados, acho que foi um ato estúpido tirar a camisa na frente do entrada das cadeiras amarelas (atenção: ela estava do lado de fora do estádio, nem mesmo na rampa de acesso!).
Claro que o mais correto seria o policial pedir gentilmente: "Coloque o casaco para evitar maiores confusões". Mas como já dito, a polícia é totalmente despreparada.
E, por isso, com policiais "ridículos", torcedores idiotas que poderiam interpretar aquele ato como uma provocação, acho que a garota estava errada. Em um mundo melhor seria normal, mas nos dias de hoje, infelizmente não é assim e temos que agir com cautela em alguns momentos.
A cautela que o próprio agredido Renato usa: mesmo sabendo que o certo seria fazer a instauração de inquérito policial, não o fará, pois teme represálias.
A mesma cautela que eu usarei a semana que vem no Maracanã. Quando estive lá ano passado no jogo entre Atlético Mineiro e Fluminense, vi um torcedor do Galo chegar ao estádio tranquilamente com sua camisa e achei incrível. Tive o gosto de ver o que seria ir ao estádio em condições normais de paz! Mesmo assim não me arriscarei a fazer o mesmo na quarta-feira.

2 comentários:

Fabio Pimentel disse...

Muito chato ouvir o que aconteceu com o Beto, espero que não tenha machucado muito. Se já é difícil ir ao estádio do seu time, imagine no do adversário.
E para o jogo da semana que vem, sugiro mesmo muito cuidado: com a união dos imbecis da Independente com os imbecias da Raça Rubro-Negra (ou algum outra torcida do Flamengo) é possível esperar hostilidades da torcida do Flu. Coisa que já aconteceu ontem, com xingamentos e depredação das numeradas.
Bola.

Anônimo disse...

fala bola...na verdade o relato é do meu irmão...foi um absurdo o que aconteceu..e já digo é bom a torcida do SP tomar cuidado lá pois tenho ouvido que vai ter volta e coisa e tal, inclusive pela polícia do RJ... com relação ao jogo, eu acho que vai ser um jogão, lógico que acredito no FLU, mas acho que vai ser dificil para os dois, acredito em 1 a 0 e vitória nos penaltis, acredito tbem em 2 a 0 com gol do Ygor...
abraços ao bola e beijos pra Le

VAMOS NENSE
Beto FLU